Compulsão sexual: o que é, causas e tratamento

Compulsão sexual são os comportamentos sexuais compulsivos ou aditivos dizem respeito a um padrão de envolvimento sexual excessivo que é prejudicial ou perigoso para a pessoa que sofre ou para terceiros.

A compulsividade sexual ou vício em sexo, como outros comportamentos aditivos, pode se manifestar de diferentes formas. Contudo, alguns sinais que solicitam cautela e despertam alerta costumam ser:

  • Consumo excessivo ou problemático de pornografia
  • Envolvimento excessivo ou problemático em relações sexuais casuais ou pagas, gerando dívidas ou ônus a familiares ou à pessoa que sofre
  • Realização de práticas masturbatórias excessivas, prejudiciais ou problemáticas (masturbação em locais público, por exemplo)
  • Engajamento em sexo desprotegido ou com risco de contração de doenças sexualmente transmissíveis (IST’s)
  • Engajamento em comportamentos sexuais ilícitos, vexatórios ou ilegais
  • Investimento em fantasias sexuais ilícitas, vexatórias ou ilegais
  • Desenvolvimento de problemas de ereção ou manutenção da libido como um todo, perdendo o interesse em parceiros sexuais fixos ou no que antes gerava prazer
  • Realização de atos sexuais criminosos ou que configuram assédio

Na classificação internacional de doenças (CID-11) organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a compulsão sexual se enquadra nos transtornos de controle de impulsos. Ou seja, baseia-se na ideia de que para a pessoa é difícil resistir a um comportamento que inicialmente é recompensador, mas que gera prejuízos para ela a médio e longo prazo. A ausência de controle sobre os comportamentos é um forte indicador de problemas de compulsão.

Outros comportamentos compulsivos atrelados ao comportamento são: aposta e vício em jogos de azar, vício em videogames, cleptomania (impulso em realizar roubos e furtos), compulsão alimentar, e assim por diante.

Um fator importante na compreensão das compulsões é a dificuldade em interromper o comportamento mesmo sabendo que ele gera prejuízos. Logo, para mapear a existência de um comportamento sexual compulsivo, é importante consultar ajuda profissional em caso de dúvidas. A compulsão sexual pode gerar sofrimento assim como outros comportamentos aditivos.

Pornografia

Nos dias de hoje, o consumo de pornografia online se tornou mais acessível. Dessa forma, comportamentos sexuais de consumo excessivo de pornografia aparecem como um problema quando a pessoa perde a capacidade de realizar tarefas que antes eram prazerosas, desmarcam compromissos ou observam alterações significativas na qualidade de vida.

Além disso, outros problemas podem surgir: pensamentos e desejos recorrentes sobre o tema, dificuldade de manter e consolidar relações com parceiros reais e problemas de perda de libido costumam ser recorrentes.

Em função desse problema que ainda é um tabu, muitas pessoas que sofrem hesitam em procurar ajuda ou sequer sabem que podem estar desenvolvendo uma compulsão ou uma prática sexual que gera problemas sociais e psicológicos. A redução da autoestima, o aumento da depressão e ansiedade são comorbidades frequentemente relacionadas ao consumo excessivo de pornografia.

Outras atividades sexuais diversas

Atrás da pornografia, outra prática sexual muito frequente é o contato com profissionais do sexo. A compulsividade sexual pode estar atrelada a um consumo nocivo deste serviço, isto é:

  • Gastar mais dinheiro do que possui
  • Envolver-se sexualmente sem proteção
  • Abusar ou exigir do(a) parceiro(a) sexual sem o consentimento ou de forma agressiva, configurando assédio

Causas da compulsão sexual

Como outros comportamentos compulsivos, o vício em sexo e em pornografia funciona por meio da descarga excessiva de dopamina no cerébro, um neurotransmissor responsável pelos circuitos de recompensa e prazer do organismo.

A estimulação da pornografia está associada a esse sistema de recompensa do organismo: toda vez que um comportamento com alta descarga de dopamina é realizado, as chances de desenvolver dependência e tolerância aumentam.

Dessa maneira, a pessoa precisa manter o comportamento e aumentar as doses de consumo, fatores que são marcas da compulsão. Quando se fala de compulsão sexual, isto está associado ao consumo de modalidades e tipos de pornografia que são cada vez mais agressivos ou fetichizantes. Quanto ao consumo de sexo, a pessoa tende a se engajar cada vez mais em comportamentos que podem ser arriscados para si ou para outros.

Outro traço deste tipo de comportamento é a adesão em grupos e fóruns online para compartilhar experiências e eventualmente encontrar parceiros sexuais. Em quadros severos, é possível mencionar comportamentos que escalam para o assédio, para pedofilia e para parafilia a depender do tipo de consumo de conteúdo pornográfico.

É importante ressaltar que a discussão sobre comportamentos sexuais compulsivos não deve ser moralizada: trata-se na verdade de encontrar formas saudáveis de envolvimento sexual, que favoreçam o desenvolvimento de bem-estar e que façam sentido e tenham significado sobretudo para a pessoa, sem que haja autojulgamento ou vexação de si.

Tratamentos da compulsão sexual

A terapia cognitivo-comportamental e outras linhas terapêuticas como a terapia de aceitação e compromisso auxiliam na criação de comprometimento e transformação quanto ao comportamento-problema. Dentro destas linhas terapêuticas, é possível articular diferentes técnicas e proposta terapêuticas que auxiliam a pessoa a lidar com estados emocionais, pensamentos e comportamentos.

Essas terapias ajudam a entender quais são os estados emocionais associados ao consumo de pornografia e de outros tipos de compulsão sexual e busca desenvolver formas de alteração de crenças a respeito de si bem como propor um programa de alteração comportamental.

Um trabalho de investigação da história pessoal com traumas e experiências pregressas, como abuso sexual na infância, também pode auxiliar na elaboração da própria história individual. Ou seja, por meio de um projeto personalizado busca-se atuar em duas frentes, proporcionando a mudança dos pensamentos e utilizando métricas e formas de alterar o comportamento.

Também vale mencionar que um programa de prevenção de recaída baseado na terapia cognitivo-comportamental pode ser adotado pensando em momentos mais prováveis de realizar o comportamento. Ao saber mapear lugares e hábitos, a pessoa fica mais fortalecida e estabelece estratégias e formas de prevenir a prática do comportamento.

A participação em grupos terapêuticos também pode ser um método valioso para compartilhar e compreender narrativas sobre problemas semelhantes, criando um ambiente de respeito, compaixão e compreensão de si e dos outros.

Por último, a estratégia de mindfulness auxilia no controle dos picos de ansiedade e na concentração no momento presente, fatores que proporcionam um equilíbrio maior e uma tomada de decisão mais assertiva em relação a comportamentos-problema de alta estimulação e intensidade.

Apesar da existência de muitos tabus e problemas relacionados ao sexo, trata-se de um movimento importante buscar ajuda em casos de dificuldade de controlar impulsos, sobretudo quando tais atividades entram como forma de regular emoções negativas ou outras questões psicológicas, como em quadros de depressão e ansiedade

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